segunda-feira, 9 de abril de 2007

As máscaras da Lua


Ao espreitar pela janela do meu escritório vejo os cumes de uma montanha, uma capela que poderia ter nome, mas esqueceram-se de baptizá-la, alguns lampiões acesos para iluminar uma avenida ladeada de campos.
Isso mesmo.
Levantando mais os olhos consegue-se perceber uns piscos cintilantes junto de uma bola de queijo que parece crescer todos os dias...
Porque será que nos intrigamos com as mudanças repentinas dos humores das pessoas, quando afinal a Natureza também muda de fisionomia?

A Lua, por excelencia e por linguajar popular, muitas vezes apelidada de "bola de queijo", "bola de futebol", é um dos melhores exemplos.
Quantas máscaras e quantas tormentas ela esconde.
Minga e cresce.
Aparece e desaparece.
Seja porque as nuvens a tapam com carinho envolvendo-a para a proteger, ou, porque o Sol, astro forte entende que a deve proteger, abraçando-a e, deixando que nós, cá em baixo, arrisquemos com comentários soltos sobre o que se está a passar.

Ao ler uma de entre várias notícias de uma prestigiada revista semanal que não falando de " máscaras" falava de virtudes e defeitos de uma personagem política, percebi finalmente, o quanto nós, todos, usamos máscaras.
Umas para defesa. Outras para combate.
Resvalamos com alguma facilidade por entre sentimentos de contida angústia e mal-estar.
A máscara não nos permite ultrapassar os limites.
As pessoas, ou bem que procuram o equilíbrio espiritual, ou o equilibrio financeiro.
Oferecem as suas mais valias em troca de protagonismo mais ou menos contido.
Chegados ao poder, seja ele por direito ou por combate, esquecem que a máscara que os levou até ali, não pode continuar a mesma: altos valores se levantam.

Num outro artigo, da mesma revista, mais adiante se falava de ideais, mais ou menos estruturados com uma linguagem mais ou menos própria.
Teoricamente, os envolvidos, usando das suas habituais máscaras, esqueceram-se de as colocar: resultado...a verdade dos factos.
A essência de cada uma das pessoas veio bailar nas palavras que proliferaram durante horas a fio perante outras máscaras de impaciencia, de "quero mais", de "vamos fazer algo".

Ao cair da noite, penso eu que as mesmas pessoas cujas máscaras possuem anos de treino para combater as outras máscaras...repousam.
Essas mesmas pessoas que as usaram até aquela hora vêem-se confrontadas com o seu próprio reflexo ao acto de lavar dos dentes, ou simplesmente o de vestir o pijama ao deitar.
São apenas pessoas. São apenas humanas.
Porquê perder tanto tempo a preparar máscaras para o dia seguinte, colocá-las levemente debaixo do travesseiro, se, somos todos iguais na hora de recebermos a máscara mais temida de todas, a morte.

As máscaras da Lua, são, apesar de tudo mais bonitas de se falar, de discutir, porque na procura da razão das suas existências, caminhamos para o conhecimento puro da verdade, que afinal parece escassear em nós, todos aqueles que usamos máscaras.

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