domingo, 8 de abril de 2007

Sílabas Soltas

Ouvi uma conversa, casualmente, entre duas amigas que entravam na onda dos queixumes e desabafos como se as paredes invisíveis tivessem ouvidos. Por um acaso, até tinham. Os ouvidos das paredes passearam-se por entre aqueles desabafos, entre duas mulheres que não sendo novas, também de velhas não tinham nada.
O problema era sempre o mesmo: relaçoes confusas, homens.

Uma delas, a mais solta de palavras comentava com a mais observadora que havia há poucos dias tinha estado a almoçar com um homem. Por sinal, mais novo. Tratava-se se um almoço com mistura de profissional pessoal. Ele era vendedor, já conhecido, ela era a potencial compradora de muitos produtos, entre os quais o que ele sabia vender.
Por empatia pura, lamentava-se a primeira, os dois estabeleceram uma relação de alguma cumplicidade que passou apenas por um mero desabafo. Falaram primeiramente de vendas, depois, com o adiantado da hora, e com a fome a apertar, falou-se em almoço e para o almoço se passou. O que era negócio antes, passou sem regras a pessoal: a falta de tempo para viver a vida, os respectivos companheiros, etc, etc .

O espaço em que se encontravam era propício a toda e qualquer sensação de bem estar - comida deliciosa e companhia agradável.
Mas então... dizia a observadora, ainda mais atenta que o habitual, o que se passou para provocar aquela conversa que parecia perturbar a amiga - nada, respondeu a outra. Nem nada teria que se passar, disse-lhe ela.
Ficou-lhe apenas a sensação que ele talvez ficasse a pensar que ela estivesse a fazer-se a ele!!...

A minha conta chegou para ser paga e , como tempo até estava a apertar, não pude continuar, sem querer, a ouvir aquelas quase lamúrias...
Depois de levantar da mesa, olhei de novo para a outra mesa e não percebi. A mulher impulsiva, a mais solta, apresentava um ar apreensivo quase desgostoso. A outra, apenas ouvia com os olhos e ouvidos.

A pergunta que se coloca, é, será que não se pode ser simpática para as pessoas, pois, elas poderão ficar de imediato a reflectir sobre os altos interesses que se poderão levantar por detrás de tal simpatia?

Esta observação, ou comentário, tanto se aplica aos homens, como ás mulheres.
Para ambos os casos, ambos os sexos pensam com maléfico interesse.
A culpa é de quê? Ou deveremos dizer a culpa é de quem?
São apenas sílabas soltas que deixo no ar.
Talvez sejam agarradas por alguém, ou talvez não.

O que importa mesmo é falar, pensar nisto.

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